MORTE DO SONETO
(Raimunda Murta)
Forma fixa, prisioneira de caprichos.
Em ti a arte se reduz,
Não mais que dez mais quatro
Para encerrar sombra e luz.
Linhas decassílabas, e pronto!...
O sentimento em número se transforma.
Tens que caber nessa sequência,
Pois obedeces a uma fixa forma.
És clássica, estás no passado
Com o ourives que te torna
Uma jóia declarada.
Em ânsia de fechar-se em quatro,
Nos limites da forma estagnada,
Morre o soneto... sufocado.
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