DEFORMIDADE
(Ludmila Marra)
Eu sou a má formação humana
Sou o feto abortado da virtude
A interrupção, a morte, a tortura do capricho...
Sou o ápice do mal feito,
Sou o sonoro não da beleza,
Sou sim imagem e semelhança do imperfeito.
A feiúra em espécie legitima,
Sou a merecida imagem do castigo,
Sou decepada, mutilada, envenenada...
Sou tudo de feio que nasceu comigo.
Sou o olhar deformado, sofrido,
Com vergonha de ser.
Sou o erro divino,
O rosto sem olhos,
O não, o não, o não
O mais doído,
O dentro da viola,
O pão e o medo de aparecer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário