terça-feira, 2 de agosto de 2011

DEFORMIDADE
(Ludmila Marra)

Eu sou a má formação humana
Sou o feto abortado da virtude
A interrupção, a morte, a tortura do capricho...

Sou o ápice do mal feito,
Sou o sonoro não da beleza,
Sou sim imagem e semelhança do imperfeito.

A feiúra em espécie legitima,
Sou a merecida imagem do castigo,
Sou decepada, mutilada, envenenada...
Sou tudo de feio que nasceu comigo.

Sou o olhar deformado, sofrido,
Com vergonha de ser.
Sou o erro divino,
O rosto sem olhos,
O não, o não, o não
O mais doído,
O dentro da viola,
O pão e o medo de aparecer.

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