domingo, 3 de julho de 2011

CORDEL FILOSÓFICO – A SAGA DE ANTÍGONA
(Maria das Dores da Silva)

A história que vou contar
Não é da Idade Média
Vem lá da Grécia Antiga
Na verdade é uma tragédia
Vou tentar contar os fatos
Espero que não me engane
A história quem nos contou
Foi a mestra Regiane

Antígona é a personagem
Desse enredo incestuoso
Filha de Édipo e Jocasta
Teve um destino amargoso
Contado pelo grego Sófocles
Escrito em profundidade
Aborda amor e lealdade
E também dignidade

O destino trágico de Édipo
Não foi o suficiente
Para acalmar os deuses
Que estenderam aos descendentes
A maldição pelo crime
Cometido por seus pais
Então os filhos de Édipo
Nunca viveram em paz

Polinice e Eteocles
Em um gesto tresloucado
Matam-se às portas de Tebas
Por motivos contrariados
Um a favor de Creonte
Rei, tio deles e tirano
O outro contrário ao trono
Foi tido como profano

Creonte dá a Eteocles
As honras de um funeral
Por ser um seu aliado
Tem todo um ritual
Quanto ao irmão Polinice
Por fazer parte do embuste
Fica sem o funeral
Pra ser jogado aos abutres

Vendo o decreto do rei
As irmãs se alucinam
Quais as leis que seguirão
A dos homens ou a divina
Então Ismênia acata
A lei do tio tirano
Antígona desobedece
E segue com outro plano

Antígona dá ao irmão morto
O que diz a lei divina
Um sepultamento honrado
Como os deuses determinam
Creonte ao saber que a lei
Sofrera violação
Resolve punir Antígona
Com cruel condenação

O castigo de Antígona
É morrer emparedada
Será enterrada viva
Por sua audácia atirada
Seu crime foi a piedade
Por seu irmão insepulto
E seguindo as leis divinas
Causou ao rei um insulto

Hemon filho de Creonte
E de Antígona o amado
Pede clemência ao seu pai
Pra sua noiva piedade
Mas o rei com sua empáfia
De fazer seguir as leis
Não liberta a própria nora
E faz valer a lei do rei

Até o sábio Tirésias

Pede que o rei volte atrás
Mas quando o tirano cede
Vê que é tarde demais
Só percebe o que foi feito
Ao ver o seu filho amado
Com o corpo inerte da noiva
No próprio cinto enforcada

De cara a cara com o pai
Hemon o responsabiliza
Pela morte da amada
E rápido se encoleriza
Aponta a espada para o pai
Esse escapa, com efeito,
Hemon volta a sua espada
E crava no próprio peito

Ao ver o filho sem vida
Caído inerte em seus braços
Creonte grita de dor
E corre para o palácio
Lá encontra sua esposa
Eurídice, agonizando
Ela também se matara
Pela morte do filho culpando-o

O rei amaldiçoado
Entrega-se à própria sorte
O infeliz e culpado
Aguarda a própria morte
E com isso os deuses mostram
Sem nenhuma complacência
Que amaldiçoaram Édipo
Com toda sua descendência

Com essa tragédia Sófocles
Mostra uma grande questão
Qual das leis tem primazia
A humana ou a religião
O que se sabe é que até hoje
Os homens vivem um dilema
Seguem a moral ou a ética
É esse um grande problema

Pra discutir esse assunto
E chegar a uma verdade
Debato com outras pessoas
Na minha universidade
Mas pra concluir o fato
Não tenho sabedoria
E por isso é que me entrego
Com amor à Filosofia.

2 comentários:

  1. muito bem feita essa sua poesia... as palavras colocam em sintonias perfeiras. palavras comoventes, a história ée linda. meu parabens.

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  2. Muito obrigado pela visita ao FÃ CLUBE e pelos elogios, Douglas, mas a autoria do cordel acima não é minha, e sim de MARIA DAS DORES DA SILVA.

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