(Vivaldo Bernades de Almeida)
- Ao poeta Augusto dos Anjos, morto em 1914 -
Quisera eu não ter nascido vivo.
Antes eu tivesse nascido morto,
inerte, imóvel, insensitivo,
jazendo a sete palmos, em conforto.
Na fundura, do jeito qu'eu ficasse,
ajustada a tampa do caixão,
ao pó, donde vim, ah... se eu voltasse!
levando comigo a solidão...!
Mas, querer ou não querer pouco importa,
pois, já cheguei ao topo da idade
e estou ciente da falsidade
dos meus sonhos amorosos, das quimeras,
as que, nelas, eu nem pensar quisera,
neste céu que o inferno me transporta!
E, de lá, eu acendo o meu cigarro,
mando aos diabos, da goela, o meu catarro
e nas bocas que me beijam eu escarro!
Planaltina-DF, 26/06/2011
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