terça-feira, 26 de abril de 2011

CORPOS
(Expedito Gonçalves Dias)

Corpos sãos
são corpos que ardem,
que se entregam,
se esfregam,
se esfolam,
se falam,
se calam, às vezes...

Corpos são belos,
repletos de pelos,
ou retos e lisos.

Corpos, às vezes são meios,
às vezes são fim.
Há corpos que deslizam,
se afastam sem aviso.

Os que se rebaixam,
que se acham no fundo sem opção,
frutos do meio,
escravos,
infecundos,
opacos ou vazios,
simples aberração!

Há os concisos,
bravos senhores de si,
que se acham
'encorpados',
tão cheios,
descolados
e se encaixam,
tão free!..
que se esborracham!

Ah, há aqueles corpos sem pudor,
quentes, ardentes, no cio...
E aqueles gelados etéreos,
indiferentes e sem calor.
Há os esqueléticos
e os sarados.
Há os abertos,
escancarados,
e os corpos herméticos.

Também tem uns empinadinhos,
curvilíneos, atraentes;
e outros em desalinho.

Há corpos que brilham,
que ofuscam os demais,
os que se buscam,
que se aliam,
que se casam.
Os que se traem,
depois se reconciliam;
os enganados,
os que sabiam,
os de guerra e os de paz...

Há os que, como ímã, se atraem,
ou se repelem,
tão carentes...

Há corpos que se intrometem:
os que engrossam,
os que afinam;
os que molestam,
os que querem,
os que detestam.

E os que se submetem
aos que dominam.

Há ainda corpos que se somam,
que subtraem.
Corpos que se espalham,
extrapolam,
extravazam,
se retalham,
se metralham!

Corpos sãos se remetem!
Se desejam,
se beijam,
se completam...

Os outros, não são!

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