sexta-feira, 8 de abril de 2011

CABOCA GOYÁ
(Lília Diniz)

Perdida nas sombras tortas
do cerrado,
catando gravetos,
folhas secas,
flores murchas,
um resto qualquer
de cigarra morta
que negue essa aldeia
a pulsar ancestralmente
na batida do meu peito.

Goyá! Goyá! Goyá!
Goyá! Goyá! Goyá!
Goyá! Goyá! Goyá!

Buscando uma erva
que cure de vez
a dor da ausência
das fogueiras que jamais
me esquentaram os pés.

Goyááááááááááááá!

Sugando o encarnado
das caliandras
para tingir meu sangue
de outro vermelho
mais luz
menos dor
mais planta
menos eu
Goyá!

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