"A poesia é mais fina e mais filosófica do que a história; porque a poesia expressa o universo, e a história somente o detalhe." (Aristóteles)
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
sábado, 22 de dezembro de 2012
HOJE ACORDEI MEIO DIA
{Cassiane Schmidt}
Respirei
dois goles de saudade
Fechei
as cortinas
Quero
mudar de cidade...
Sou
avessa à rotina
Não
gosto dessa coisa de estar sozinha
Solidão
não é plural de gente
Se
fosse assim as multidões seriam contentes
Quero
um prato de flores
Um
vaso de terra
Respirar
novos amores
Construir
uma casa na primavera
Uma
cachoeira e uma lanterna.
Ver
a noite desfilando vaga-lumes
O
barulho da água feito fechadura
Abrindo
portas dessa escura caverna.
Abrir
as cortinas
Olhar
o calendário sem tristeza
Ver
lá fora o que não via
Ser
um poema esquecido em cima da mesa...
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
QUANDO TU CHORAS
(Casimiro
de Abreu)
Quando
tu choras, meu amor, teu rosto
Brilha
formoso com mais doce encanto,
E
as leves sombras de infantil desgosto
Tornam
mais belo o cristalino pranto.
Oh! nessa idade da paixão lasciva
Como
o prazer, é o chorar preciso:
Mas
breve passa - qual a chuva estiva -
E
quase ao pranto se mistura o riso.
É doce o pranto de gentil donzela,
É
sempre belo quando a virgem chora:
-
Semelha a rosa pudibunda e bela
Toda
banhada do orvalhar da aurora.
Da noite o pranto, que tão pouco dura,
Brilha
nas folhas como um rir celeste,
E
a mesma gota transparente e pura
Treme
na relva que a campina veste.
Depois o sol, como sultão brilhante,
De
luz inunda o seu gentil serralho,
E
às flores todas - tão feliz amante -
Cioso
sorve o matutino orvalho.
Assim, se choras, inda és mais formosa,
Brilha
teu rosto com mais doce encanto:
-
Serei o sol e tu serás a rosa...
Chora,
meu anjo, - beberei teu pranto!
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
CANTO-TE
(Ana
Hatherly)
Canto-te
para que tu
definitivamente
existas.
Canto
o teu nome
porque
só as coisas cantadas
ealmente
são e só o nome pronunciado
inicia
a mágica corrente.
Canto
o teu nome como o homem
fazia
eclodir o fogo do atrito das pedras.
Canto
o teu nome como o feiticeiro
invoca
a magia do remédio.
Canto
o teu nome como um animal uiva,
Como
os animais pequenos bebem nos regatos
Depois
das grandes feras.
Canto-te,
e
tu definitivamente existes
nos
meus olhos sempre abertos
porque
sempre os meus olhos
são
os olhos da criança
que
nós somos sempre
diante
da imensidão do teu espaço.
Canto-te,
e
os meus olhos, sempre abertos,
são
a pergunta no instante pendente
de
eu te interrogar;
e
interrogo as coisas em seu ser noturno,
em
seu estar sombriamente presentes
na
tua claridade obscura.
E
como é sempre,
meus
olhos abertos perscrutam-te
símbolo
de tudo o que me foge
como
apertar o ar dentro das mãos
e
querer agarrar-te, oh! substância...
Canto-te
para
que tu existas
e
eu não veja mais nada além de ti
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
(Mário Feijó)
Traga-me um
pedaço de pão
Meu coração
tem fome de ti
Por isto
sangra e pulsa
E tu és o
alimento que me sustenta
Enquanto isto
minh’alma
Beija-flores
no jardim
Feito
borboleta desassossegada
Recém
desossada de seu casulo
Se todas as
almas fossem vermelhas
Eu até
poderia dizer
Que sangravam
por amor
Porém existem
almas azuis
Que se
misturam
Entre o céu e
o mar...
E há almas
secas
Que rondam
desertos onde perambulei
Agora pulso
entre rosas vermelhas
E o azul
esverdeado do céu/mar...
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
ONTEM, HOJE, SEMPRE... PROFESSOR
(Gérson Alves)
Já dizia o poeta...
Tem razão!...
O mundo está cada vez
Mais globalizado:
Internet,
Satélites e mais satélites,
Celulares, sons, imagens,
Games, mp3, mp4, mp5, mp6...
Daqui a alguns segundos
Surgirão outras novidades
“E o povo passa fome”,
Canta outro poeta.
E nesse dia especial,
Confesso minha emoção:
Sempre acreditei
- Desde minha infância -
Na magia daquele pó de giz,
No velho quadro negro da escola,
Na caneta que arrepia,
Na enorme lousa branca
Que não consigo apagar
Da memória...
E guardo comigo a esperança
De cada olhar e sorriso
Dos colegas,
Dos pais,
Dos alunos...
E quando estou em casa,
Nos meus momentos
Mais íntimos de oração
Agradeço!
Sei que é minha missão educar!
Sei que é minha missão despertar
Os alunos para a vida.
Mas, sei que não sou máquina,
Por isso, também vou lutar.
Sou ser humano,
Sou de verdade,
Nada virtual!...
Quero viver e morrer com dignidade.
Estou farto de promessas!...
Entra governo, sai governo
E para nós o que sobra é quase nada...
Parabéns, Professor, pelo seu dia!...
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
PARODIANDO
CAMÕES
(Gasparino José
Romão)
Sete meses no
balcão Joaquim servia,
Ao Manoel ,
português lá da Estrela,
Que transava
com a mulata Isabela,
Que era a
sensação da Padaria.
Nem um dia o
português que a protegia,
Viver no dia
a dia assim sem vê-la,
Por isso
trabalhava ao lado dela,
Distanciado o
morruga padecia.
Certo dia o
português que, lá no “Caixa”,
Vinha há
muito a suspirar em maré baixa,
Botou Joaquim
na rua com bravata.
Joaquim, que
sempre fora um cabra macho,
Saiu sem dar
estrilo, cabisbaixo,
Vingou do
Manoel: levou a mulata!
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
(Casimiro
de Abreu)
Se
eu soubesse que no mundo
Existia
um coração,
Que
só por mim palpitasse
De
amor em terna expansão;
Do
peito calara as mágoas,
Bem
feliz eu era então!
Se
essa mulher fosse linda
Como
os anjos lindos são,
Se
tivesse quinze anos,
Se
fosse rosa em botão,
Se
inda brincasse inocente
Descuidosa
no gazão;
Se
tivesse a tez morena,
Os
olhos com expressão,
Negros,
negros, que matassem,
Que
morressem de paixão,
Impondo
sempre tiranos
Um
jugo de sedução;
Se
as tranças fossem escuras,
Lá castanhas é que não,
E
que caíssem formosas
Ao
sopro da viração,
Sobre
uns ombros torneados,
Em
amável confusão;
Se
a fronte pura e serena
Brilhasse
d'inspiração,
Se
o tronco fosse flexível
Como
a rama do chorão,
Se
tivesse os lábios rubros,
Pé
pequeno e linda mão;
Se
a voz fosse harmoniosa
Como
d'harpa a vibração,
Suave
como a da rola
Que
geme na solidão,
Apaixonada
e sentida
Como
do bardo a canção;
E
se o peito lhe ondulasse
Em
suave ondulação,
Ocultando em brancas vestes
Na
mais branda comoção
Tesouros
de seios virgens,
Dois
pomos de tentação;
E
se essa mulher formosa
Que
me aparece em visão,
Possuísse uma alma ardente,
Fosse
de amor um vulcão;
Por
ela tudo daria...
—
A vida, o céu, a razão!
Assinar:
Postagens (Atom)