QUANDO TU CHORAS
(Casimiro
de Abreu)
Quando
tu choras, meu amor, teu rosto
Brilha
formoso com mais doce encanto,
E
as leves sombras de infantil desgosto
Tornam
mais belo o cristalino pranto.
Oh! nessa idade da paixão lasciva
Como
o prazer, é o chorar preciso:
Mas
breve passa - qual a chuva estiva -
E
quase ao pranto se mistura o riso.
É doce o pranto de gentil donzela,
É
sempre belo quando a virgem chora:
-
Semelha a rosa pudibunda e bela
Toda
banhada do orvalhar da aurora.
Da noite o pranto, que tão pouco dura,
Brilha
nas folhas como um rir celeste,
E
a mesma gota transparente e pura
Treme
na relva que a campina veste.
Depois o sol, como sultão brilhante,
De
luz inunda o seu gentil serralho,
E
às flores todas - tão feliz amante -
Cioso
sorve o matutino orvalho.
Assim, se choras, inda és mais formosa,
Brilha
teu rosto com mais doce encanto:
-
Serei o sol e tu serás a rosa...
Chora,
meu anjo, - beberei teu pranto!
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