segunda-feira, 13 de junho de 2011

EU, EU MESMO
(Álvaro de Campos)

Eu, eu mesmo...
Eu, cheio de todos os cansaços,
Quantos o mundo pode dar. —
Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira
Para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Imperfeito? Incógnito? Divino?
Não sei...
Eu...
Tive um passado? Sem dúvida...
Tenho um presente? Sem dúvida...
Terei um futuro? Sem dúvida...
Ainda que pare de aqui a pouco...
Mas eu, eu...Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...

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