sábado, 7 de maio de 2011

EPITÁFIO D’UM AMOR
(Vitalves Neto)

Fui extenso, limitado, fui belo,
fui pródigo, fui profano, fui...

Hoje nada sou, de mim resta quase nada,
muito pouco, não mais o bastante,
talvez lembranças, sonhos,
mas foram-se as ilusões.

As esperanças devoram-me dia após dia
como um vapor que leva a última gota
do que já foi um oceano,
mas não me rendo, vou até o fim,
mesmo que não mais percebam-me,
que não falem mais de mim,
ainda estarei aqui,
alimentando-me do que me devora,
e quando tudo de mim se for,
irei ao meu mausoléu e lá
ficará em memória esse meu epitáfio,
que aos poucos se diminuirá,
porém jamais se findará,
pois, não fui eterno,
mas o que restará de mim será.

Quando eu me for,
deixarei tudo preparado para um próximo,
meu espaço vazio,
minhas duas metades desfeitas,
ambas buscando outra metade,
que provirão dois amores,
mais duas histórias de amores
que podem terminar igual a mim.

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