SINA
(Vivaldo Bernardes de Almeida, ao poeta Joésio Menezes)
Conforma-te, poeta, o verso não te cansa.
Inútil teu trabalho e futres tuas dores,
a quem não te compreende, a quem não te alcança,
a quem não vive a vida e nunca teve amores.
Mas tu que vais buscar o universo inteiro,
escuta o coração que pulsa em descompasso,
fazendo-te sofrer eterno cativeiro,
e escreve mais mil versos, um a cada passo.
Terás, assim, cumprido a sina que te cabe,
abrindo a tua alma em plena ebulição,
valendo nada a vez de quem disso não sabe.
A tinta que foi gasta ao fazeres o verso,
é sangue que circula e vem até à mão,
passando ao papel inteiro o Universo.
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