MULHER CIGARRA
(Joeusa Fortuna Salles Santos)
Como a cigarra
ela vive deslumbrada,
embriagada pelo Sol, pelo luar,
pelo azul, pelo verde, pelo mar,
pela flor, pelo fruto, pelo amor...
E canta o seu encanto,
e dança o balé do tempo,
e se entrega inteira,
conquistada pela vida...
Mas, quanto mais vive,
mais teme o desencanto
e só quer viver o que lhe parece belo,
só quer dançar os acordes mais bonitos,
e canta, canta sem parar,
cada vez mais alto e mais forte,
temerosa de ouvir outros sons
que não quer ouvir...
E canta, canta e canta
o seu encanto já desencantado,
sem tempo de tomar fôlego e de respirar...
E canta e recanta, mulher cigarra,
até que seu peito estoure
e sua música se misture ao vento...
"A poesia é mais fina e mais filosófica do que a história; porque a poesia expressa o universo, e a história somente o detalhe." (Aristóteles)
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
sábado, 26 de fevereiro de 2011
POEMINHA AMOROSO
(Cora Coralina0
Este é um poema de amor,
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...
(Cora Coralina0
Este é um poema de amor,
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
DESEJOS
(Regina Bertoccelli)
Passe por aqui um minuto,
Ou meia hora, talvez um dia...
E deixe em meu rosto um beijo,
O roçar das pontas de seus dedos em meu corpo;
E nos meus olhos, um pouco da luz dos seus.
Quem sabe um abraço!...
Palavras sussurradas em meus ouvidos,
O respirar apressado no meu pescoço,
Um beijo mais demorado...
A pressão de seu peito contra meus seios,
Também um pouco de prazer - queria tanto!...
Nossos corpos se movendo
Lentamente ao princípio.
Meu corpo todo sendo envolvido por seus abraços
E quando partir, ao final do dia ou da noite,
Deixe comigo a certeza do retorno.
Importa é que você volte,
E na volta traga seu sorriso,
Os lábios entreabertos para o beijo,
O corpo transbordando de desejos,
Sedento de prazer...
(Regina Bertoccelli)
Passe por aqui um minuto,
Ou meia hora, talvez um dia...
E deixe em meu rosto um beijo,
O roçar das pontas de seus dedos em meu corpo;
E nos meus olhos, um pouco da luz dos seus.
Quem sabe um abraço!...
Palavras sussurradas em meus ouvidos,
O respirar apressado no meu pescoço,
Um beijo mais demorado...
A pressão de seu peito contra meus seios,
Também um pouco de prazer - queria tanto!...
Nossos corpos se movendo
Lentamente ao princípio.
Meu corpo todo sendo envolvido por seus abraços
E quando partir, ao final do dia ou da noite,
Deixe comigo a certeza do retorno.
Importa é que você volte,
E na volta traga seu sorriso,
Os lábios entreabertos para o beijo,
O corpo transbordando de desejos,
Sedento de prazer...
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
A RIQUEZA DO HOMEM
(Manoel de Barros)
A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou,
eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito
que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai!
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.
(Manoel de Barros)
A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou,
eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito
que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai!
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
REPRISE
(Andrea Joy)
Quem me dera te ver de novo!
Quem me dera beijar teu corpo!
Quem me dera fazer de um segundo
A eternidade e, envolvida
Nos teus braços,
Sorver dos teus lábios o melhor vinho,
Construir ao teu lado um novo ninho,
Impregnar-me de ti até a alma,
Te amar aos poucos,
Com mais calma.
Quem me dera tirar de ti
Todos os segredos e exorcizar
Todos os medos que possas
Vir a ter em meus braços.
Quem me dera ter de novo
Os teus afagos, os teus abraços,
O murmurar dos teus lábios,
O ritmo descompassado do teu coração
Unido ao meu numa mesma canção.
Quem me dera
Te amar de novo!...
(Andrea Joy)
Quem me dera te ver de novo!
Quem me dera beijar teu corpo!
Quem me dera fazer de um segundo
A eternidade e, envolvida
Nos teus braços,
Sorver dos teus lábios o melhor vinho,
Construir ao teu lado um novo ninho,
Impregnar-me de ti até a alma,
Te amar aos poucos,
Com mais calma.
Quem me dera tirar de ti
Todos os segredos e exorcizar
Todos os medos que possas
Vir a ter em meus braços.
Quem me dera ter de novo
Os teus afagos, os teus abraços,
O murmurar dos teus lábios,
O ritmo descompassado do teu coração
Unido ao meu numa mesma canção.
Quem me dera
Te amar de novo!...
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
TUAS MÃOS
(Pablo Neruda)
Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram
em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?
Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.
A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem.
(Pablo Neruda)
Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram
em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?
Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.
A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
QUANDO A ALMA SE SOLTA
(Kora Lopes)
Perco-me na imensidão do horizonte
Que ao longe se descortina
E de novo me sinto pequena,
Apenas uma menina
Que quer beber na fonte
Dos sonhos, e voar sem qualquer destino
Para desvendar os segredos
E todos os medos
Que ainda povoam meu coração...
Lá, talvez eu me encontre
E saia nas asas da ilusão
Para buscar os sonhos perdidos,
Que ainda vivem escondidos
Nos recônditos do meu coração.
No meu horizonte eu sei
Que a minha alma se solta,
Por isso eu nele me perco
Para fugir desse cerco
Que existe à minha volta...
(Kora Lopes)
Perco-me na imensidão do horizonte
Que ao longe se descortina
E de novo me sinto pequena,
Apenas uma menina
Que quer beber na fonte
Dos sonhos, e voar sem qualquer destino
Para desvendar os segredos
E todos os medos
Que ainda povoam meu coração...
Lá, talvez eu me encontre
E saia nas asas da ilusão
Para buscar os sonhos perdidos,
Que ainda vivem escondidos
Nos recônditos do meu coração.
No meu horizonte eu sei
Que a minha alma se solta,
Por isso eu nele me perco
Para fugir desse cerco
Que existe à minha volta...
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
SINA
(Vivaldo Bernardes de Almeida, ao poeta Joésio Menezes)
Conforma-te, poeta, o verso não te cansa.
Inútil teu trabalho e futres tuas dores,
a quem não te compreende, a quem não te alcança,
a quem não vive a vida e nunca teve amores.
Mas tu que vais buscar o universo inteiro,
escuta o coração que pulsa em descompasso,
fazendo-te sofrer eterno cativeiro,
e escreve mais mil versos, um a cada passo.
Terás, assim, cumprido a sina que te cabe,
abrindo a tua alma em plena ebulição,
valendo nada a vez de quem disso não sabe.
A tinta que foi gasta ao fazeres o verso,
é sangue que circula e vem até à mão,
passando ao papel inteiro o Universo.
(Vivaldo Bernardes de Almeida, ao poeta Joésio Menezes)
Conforma-te, poeta, o verso não te cansa.
Inútil teu trabalho e futres tuas dores,
a quem não te compreende, a quem não te alcança,
a quem não vive a vida e nunca teve amores.
Mas tu que vais buscar o universo inteiro,
escuta o coração que pulsa em descompasso,
fazendo-te sofrer eterno cativeiro,
e escreve mais mil versos, um a cada passo.
Terás, assim, cumprido a sina que te cabe,
abrindo a tua alma em plena ebulição,
valendo nada a vez de quem disso não sabe.
A tinta que foi gasta ao fazeres o verso,
é sangue que circula e vem até à mão,
passando ao papel inteiro o Universo.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
POEMA
(Graciela da Cunha)
Folha de papel em branco
dor palpitante no peito.
Momento de angústia e aflição,
suspiro de amor e saudade.
Lembrança de outrora.
O céu parece desmoronar
e o sol nem aparece
e tudo ao redor escurece.
De joelhos faço uma prece.
A angústia desvanece
fazendo meu poema
sair do ostracismo.
Com encanto do lirismo
surgindo uma luz de celestial fulgor.
Momento de forte emoção,
assim nasce um poema.
(Graciela da Cunha)
Folha de papel em branco
dor palpitante no peito.
Momento de angústia e aflição,
suspiro de amor e saudade.
Lembrança de outrora.
O céu parece desmoronar
e o sol nem aparece
e tudo ao redor escurece.
De joelhos faço uma prece.
A angústia desvanece
fazendo meu poema
sair do ostracismo.
Com encanto do lirismo
surgindo uma luz de celestial fulgor.
Momento de forte emoção,
assim nasce um poema.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
MEU GRITO
(Carlos Alberto, in www.laurapoesias.com)
As noites são inumeráveis
As estrelas se perdem no infinito
Anos-luz intermináveis
Percorre o meu grito...
Numa trajetória difusa
Explode em luz, na escuridão
Percorre a imensidão confusa
Calando-me na solidão.
Ah! pudesse meu grito
Alcançar os teus ouvidos
Repousaria em tempo finito
Na pureza dos teus sentidos.
(Carlos Alberto, in www.laurapoesias.com)
As noites são inumeráveis
As estrelas se perdem no infinito
Anos-luz intermináveis
Percorre o meu grito...
Numa trajetória difusa
Explode em luz, na escuridão
Percorre a imensidão confusa
Calando-me na solidão.
Ah! pudesse meu grito
Alcançar os teus ouvidos
Repousaria em tempo finito
Na pureza dos teus sentidos.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
JADE
(Silvia Regina Costa Lima)
Em meu braço, o bracelete,
verde-azul de um puro jade
(belas flores no ramalhete)
atestavam amor e saudade.
Bem digno de um palacete,
esse símbolo de eternidade
era mais que um lembrete:
um sinete de feminilidade.
Entre as flores e as samambaias
havia todo esplendor dos Maias
no doce presente do meu amado.
E o tempo parou um instante
porque estava ali bem diante
de um lindo talismã sagrado!
(Silvia Regina Costa Lima)
Em meu braço, o bracelete,
verde-azul de um puro jade
(belas flores no ramalhete)
atestavam amor e saudade.
Bem digno de um palacete,
esse símbolo de eternidade
era mais que um lembrete:
um sinete de feminilidade.
Entre as flores e as samambaias
havia todo esplendor dos Maias
no doce presente do meu amado.
E o tempo parou um instante
porque estava ali bem diante
de um lindo talismã sagrado!
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
DELÍRIO
(Olavo Bilac)
Nua, mas para o amor não cabe o pejo,
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
- Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!
(Olavo Bilac)
Nua, mas para o amor não cabe o pejo,
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
- Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!
Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.
Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
- Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.
No seu ventre pousei a minha boca,
- Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca.
Moralistas, perdoai! Obedeci…
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.
Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
- Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.
No seu ventre pousei a minha boca,
- Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca.
Moralistas, perdoai! Obedeci…
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
RIO
(Daniel Conrade)
Além das lentes,
além dos olhos,
além da mente,
além da curva adjacente.
Ser um rio,
ser chuva,
ser peixe,
ser mar
e ser nascente.
É um fio,
é corda,
é feixe,
é vento,
é folha
e é corrente.
É um raio,
é a esfera.
É seixo,
é areia,
é terra
e é semente.
Se eu me perdi à margem,
é porque precisava de ar.
Estar perto de si, longe de ser
um náufrago esperando alguém voltar.
(Daniel Conrade)
Além das lentes,
além dos olhos,
além da mente,
além da curva adjacente.
Ser um rio,
ser chuva,
ser peixe,
ser mar
e ser nascente.
É um fio,
é corda,
é feixe,
é vento,
é folha
e é corrente.
É um raio,
é a esfera.
É seixo,
é areia,
é terra
e é semente.
Se eu me perdi à margem,
é porque precisava de ar.
Estar perto de si, longe de ser
um náufrago esperando alguém voltar.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
A ESCRAVIDÃO
(Tobias Barreto)
Se Deus é quem deixa o mundo
Sob o peso que o oprime,
Se ele consente esse crime,
Que se chama a escravidão,
Para fazer homens livres,
Para arrancá-los do abismo,
Existe um patriotismo
Maior que a religião.
Se não lhe importa o escravo
Que a seus pés queixas deponha,
Cobrindo assim de vergonha
A face dos anjos seus,
Em seu delírio inefável,
Praticando a caridade,
Nesta hora a mocidade
Corrige o erro de Deus!...
(Tobias Barreto)
Se Deus é quem deixa o mundo
Sob o peso que o oprime,
Se ele consente esse crime,
Que se chama a escravidão,
Para fazer homens livres,
Para arrancá-los do abismo,
Existe um patriotismo
Maior que a religião.
Se não lhe importa o escravo
Que a seus pés queixas deponha,
Cobrindo assim de vergonha
A face dos anjos seus,
Em seu delírio inefável,
Praticando a caridade,
Nesta hora a mocidade
Corrige o erro de Deus!...
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
AMO-TE, MAS...
(Henrique Pedro)
Amo-te
Mais do que devo
E nada te devo
Nem a ti
Nem a ninguém,
Mas…
Ainda assim
Te digo
Que não gosto de ti!
Gostava sim
Que fosses diferente
Ou me fosses indiferente.
Gostava de te amar
E de ti gostar
Como és
E como tu queres,
Mas…
Não gosto de ti!
Dir-me-ás
Que não há mas
Nem meio mas,
Que é puro engano.
Ou te amo
E gosto de ti
Assim
Como és
Ou não te amo
E que só assim
Também te gosto,
Isto é,
Só assim tu gostas de mim.
Pois é,
Será!
Mas é esse o meu desgosto:
Saber que te amo,
Que não gosto de ti
E que assim
Não te gosto.
Por quê?
Sei lá!...
Ainda assim
Espero!
Amo-te.
Não gosto de ti,
Mas…
Ainda assim
Te quero!
(Henrique Pedro)
Amo-te
Mais do que devo
E nada te devo
Nem a ti
Nem a ninguém,
Mas…
Ainda assim
Te digo
Que não gosto de ti!
Gostava sim
Que fosses diferente
Ou me fosses indiferente.
Gostava de te amar
E de ti gostar
Como és
E como tu queres,
Mas…
Não gosto de ti!
Dir-me-ás
Que não há mas
Nem meio mas,
Que é puro engano.
Ou te amo
E gosto de ti
Assim
Como és
Ou não te amo
E que só assim
Também te gosto,
Isto é,
Só assim tu gostas de mim.
Pois é,
Será!
Mas é esse o meu desgosto:
Saber que te amo,
Que não gosto de ti
E que assim
Não te gosto.
Por quê?
Sei lá!...
Ainda assim
Espero!
Amo-te.
Não gosto de ti,
Mas…
Ainda assim
Te quero!
sábado, 5 de fevereiro de 2011
BEIJO ETERNO
(Castro Alves)
Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue.
Acalma-o com teu beijo,
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!
Fora, repouse em paz
Dormindo em calmo sono a calma natureza,
Ou se debata, das tormentas presa,
Beija inda mais!
E, enquanto o brando calor
Sinto em meu peito de teu seio,
Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio,
Com o mesmo ardente amor!...
Diz tua boca: "Vem!"
Inda mais! diz a minha, a soluçar... Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! morde! que doce é a dor
Que me entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! morde mais!
que eu morra de ventura,
Morto por teu amor!
(Castro Alves)
Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue.
Acalma-o com teu beijo,
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!
Fora, repouse em paz
Dormindo em calmo sono a calma natureza,
Ou se debata, das tormentas presa,
Beija inda mais!
E, enquanto o brando calor
Sinto em meu peito de teu seio,
Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio,
Com o mesmo ardente amor!...
Diz tua boca: "Vem!"
Inda mais! diz a minha, a soluçar... Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! morde! que doce é a dor
Que me entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! morde mais!
que eu morra de ventura,
Morto por teu amor!
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
TRISTEZA DO INFINITO
(Cruz e Sousa)
Anda em mim, soturnamente,
uma tristeza ociosa,
sem objetivo, latente,
vaga, indecisa, medrosa.
Como ave torva e sem rumo,
ondula, vagueia, oscila
e sobe em nuvens de fumo
e na minh'alma se asila.
Uma tristeza que eu, mudo,
fico nela meditando
e meditando, por tudo
e em toda a parte sonhando.
Tristeza de não sei donde,
de não sei quando nem como...
flor mortal, que dentro esconde
sementes de um mago pomo.
Dessas tristezas incertas,
esparsas, indefinidas...
como almas vagas, desertas
no rumo eterno das vidas.
Tristeza sem causa forte,
diversa de outras tristezas,
nem da vida nem da morte
gerada nas correntezas...
Tristeza de outros espaços,
de outros céus, de outras esferas,
de outros límpidos abraços,
de outras castas primaveras.
Dessas tristezas que vagam
com volúpias tão sombrias
que as nossas almas alagam
de estranhas melancolias.
Dessas tristezas sem fundo,
sem origens prolongadas,
sem saudades deste mundo,
sem noites, sem alvoradas.
Que principiam no sonho
e acabam na Realidade,
através do mar tristonho
desta absurda Imensidade.
Certa tristeza indizível,
abstrata, como se fosse
a grande alma do Sensível
magoada, mística, doce.
Ah! tristeza imponderável,
abismo, mistério, aflito,
torturante, formidável...
ah! tristeza do Infinito!
(Cruz e Sousa)
Anda em mim, soturnamente,
uma tristeza ociosa,
sem objetivo, latente,
vaga, indecisa, medrosa.
Como ave torva e sem rumo,
ondula, vagueia, oscila
e sobe em nuvens de fumo
e na minh'alma se asila.
Uma tristeza que eu, mudo,
fico nela meditando
e meditando, por tudo
e em toda a parte sonhando.
Tristeza de não sei donde,
de não sei quando nem como...
flor mortal, que dentro esconde
sementes de um mago pomo.
Dessas tristezas incertas,
esparsas, indefinidas...
como almas vagas, desertas
no rumo eterno das vidas.
Tristeza sem causa forte,
diversa de outras tristezas,
nem da vida nem da morte
gerada nas correntezas...
Tristeza de outros espaços,
de outros céus, de outras esferas,
de outros límpidos abraços,
de outras castas primaveras.
Dessas tristezas que vagam
com volúpias tão sombrias
que as nossas almas alagam
de estranhas melancolias.
Dessas tristezas sem fundo,
sem origens prolongadas,
sem saudades deste mundo,
sem noites, sem alvoradas.
Que principiam no sonho
e acabam na Realidade,
através do mar tristonho
desta absurda Imensidade.
Certa tristeza indizível,
abstrata, como se fosse
a grande alma do Sensível
magoada, mística, doce.
Ah! tristeza imponderável,
abismo, mistério, aflito,
torturante, formidável...
ah! tristeza do Infinito!
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
VERSOS ALADOS
(Joésio Menezes)
Aos meus versos dou asas
para que, livremente, possam voar
em busca do encantamento
que provocam os olhos teus...
Aos meus poemas, a liberdade
de encontrar-se com o teu sorriso
que, livre de qualquer pudor,
revela em ti a pureza
de um anjo ilibado.
A mim, reservo tão somente o dever
de admirar-te constantemente
sem maiores pretensões –
mesmo contrariando meu coração –
e o direito de elevar-te
a deusa imaculada da beleza,
rainha suprema da perfeição,
musa eterna dos meus versos
que voam livremente
em busca do encantamento
que provocam os olhos teus...
(Joésio Menezes)
Aos meus versos dou asas
para que, livremente, possam voar
em busca do encantamento
que provocam os olhos teus...
Aos meus poemas, a liberdade
de encontrar-se com o teu sorriso
que, livre de qualquer pudor,
revela em ti a pureza
de um anjo ilibado.
A mim, reservo tão somente o dever
de admirar-te constantemente
sem maiores pretensões –
mesmo contrariando meu coração –
e o direito de elevar-te
a deusa imaculada da beleza,
rainha suprema da perfeição,
musa eterna dos meus versos
que voam livremente
em busca do encantamento
que provocam os olhos teus...
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
TRISTE CORDEL DO SOLDADO QUE VOLTAVA DA GUERRA
(Orlando Paiva)
Um texto emocionante
Agora será versado,
Em Literatura de Cordel
O mesmo será narrado.
Vai contar a estória
De um jovem soldado.
Quando tinha 18 anos
Foi convocado pra lutar
Na Guerra do Vietnã
Não podia recusar,
Nos Estados Unidos foi
Obrigado a se alistar.
Depois do fim da guerra
Para Nova York voltou,
Só que uma decisão
Antes de chegar em casa tomou:
Parou em um orelhão
E para os pais ligou.
Seu pai ficou contente
Quando o ouviu falando,
Estava muito feliz
Por o filho estar voltando.
O rapaz no telefone
Foi logo exclamando:
- Estou voltando pra casa
Mas tenho algo a falar.
Conheci na guerra um amigo
Ele não tem onde ficar,
Por isso quero pedir
Para conosco ele morar.
O pai muito feliz
Concordou com prazer.
Disse que seria uma alegria
Esse rapaz conhecer,
Se era amigo de seu filho
Também seu iria ser.
Mas o filho disse ainda
Do outro lado do orelhão:
- Meu amigo está sofrendo
É triste sua situação
Ele perdeu um braço
E uma perna numa explosão.
Ao ouvir a narração
O pai ficou espantado,
Uma pessoa deficiente
Seria um fardo pesado
Por isso disse assim
Ao filho do outro lado:
- É triste a situação
Mas não podemos ajudar,
Só nos resta, filho,
Arranjar outro lugar
Para que esse soldado
Possa se hospedar.
Do outro lado da linha
O filho disse zangado:
- Não posso o abandonar
Ele está necessitado.
Sem perna e sem braço
Está debilitado!
- Você não tem noção!
Disse o pai nesse momento:
- Cuidar de um deficiente
Será grande tormento.
Já temos nossas vidas
Não nos cabe mais sofrimento!
- Volte para sua casa
Vamos viver nossa vida.
Deixe que esse rapaz
Encontre outra saída,
Ele morando aqui
Será uma grande ferida.
- Deixe que ele encontre
Outra forma de viver.
Não podemos ajudá-lo,
Isso posso lhe dizer,
Ele em nossa casa
Só nos fará sofrer.
Ao ouvir as palavras do pai
O filho triste ficou.
Uma lágrima do seu olho
Pelo rosto rolou.
Sem dizer mais nada
O telefone desligou.
Nunca pensou que o pai
Desta forma agiria.
Sentiu uma dor no peito
Uma grande agonia,
Naquele instante o rapaz
Encheu-se de melancolia.
Alguns dias depois
Deste fato acontecido,
Os pais receberam a noticia
De que ele havia morrido,
De cima de um prédio
O mesmo tinha caído.
Com aquela noticia
O pai ficou desesperado.
O policial disse ainda
Pra família do soldado
Que por algum motivo
Ele tinha se suicidado.
Os pais entraram em choque
Não dava pra acreditar.
Porque o filho se suicidou
Não conseguiam imaginar.
A dor era enorme
Não paravam de chorar.
Foram ao necrotério
Naquele mesmo momento.
Reconhecer o corpo do filho
Foi grande o sofrimento,
Estava estirado, morto
Pálido, sem movimento.
Ao verem ele deitado
Sentiram grande agonia,
Pois o casal descobriu
Algo que desconhecia,
Apenas um braço e uma perna
O filho deles possuía.
O mundo naquele instante
Sobre o pai desabou.
Tudo foi culpa sua
Ele então imaginou.
E o pedido do filho
Naquele momento lembrou.
(Orlando Paiva)
Um texto emocionante
Agora será versado,
Em Literatura de Cordel
O mesmo será narrado.
Vai contar a estória
De um jovem soldado.
Quando tinha 18 anos
Foi convocado pra lutar
Na Guerra do Vietnã
Não podia recusar,
Nos Estados Unidos foi
Obrigado a se alistar.
Depois do fim da guerra
Para Nova York voltou,
Só que uma decisão
Antes de chegar em casa tomou:
Parou em um orelhão
E para os pais ligou.
Seu pai ficou contente
Quando o ouviu falando,
Estava muito feliz
Por o filho estar voltando.
O rapaz no telefone
Foi logo exclamando:
- Estou voltando pra casa
Mas tenho algo a falar.
Conheci na guerra um amigo
Ele não tem onde ficar,
Por isso quero pedir
Para conosco ele morar.
O pai muito feliz
Concordou com prazer.
Disse que seria uma alegria
Esse rapaz conhecer,
Se era amigo de seu filho
Também seu iria ser.
Mas o filho disse ainda
Do outro lado do orelhão:
- Meu amigo está sofrendo
É triste sua situação
Ele perdeu um braço
E uma perna numa explosão.
Ao ouvir a narração
O pai ficou espantado,
Uma pessoa deficiente
Seria um fardo pesado
Por isso disse assim
Ao filho do outro lado:
- É triste a situação
Mas não podemos ajudar,
Só nos resta, filho,
Arranjar outro lugar
Para que esse soldado
Possa se hospedar.
Do outro lado da linha
O filho disse zangado:
- Não posso o abandonar
Ele está necessitado.
Sem perna e sem braço
Está debilitado!
- Você não tem noção!
Disse o pai nesse momento:
- Cuidar de um deficiente
Será grande tormento.
Já temos nossas vidas
Não nos cabe mais sofrimento!
- Volte para sua casa
Vamos viver nossa vida.
Deixe que esse rapaz
Encontre outra saída,
Ele morando aqui
Será uma grande ferida.
- Deixe que ele encontre
Outra forma de viver.
Não podemos ajudá-lo,
Isso posso lhe dizer,
Ele em nossa casa
Só nos fará sofrer.
Ao ouvir as palavras do pai
O filho triste ficou.
Uma lágrima do seu olho
Pelo rosto rolou.
Sem dizer mais nada
O telefone desligou.
Nunca pensou que o pai
Desta forma agiria.
Sentiu uma dor no peito
Uma grande agonia,
Naquele instante o rapaz
Encheu-se de melancolia.
Alguns dias depois
Deste fato acontecido,
Os pais receberam a noticia
De que ele havia morrido,
De cima de um prédio
O mesmo tinha caído.
Com aquela noticia
O pai ficou desesperado.
O policial disse ainda
Pra família do soldado
Que por algum motivo
Ele tinha se suicidado.
Os pais entraram em choque
Não dava pra acreditar.
Porque o filho se suicidou
Não conseguiam imaginar.
A dor era enorme
Não paravam de chorar.
Foram ao necrotério
Naquele mesmo momento.
Reconhecer o corpo do filho
Foi grande o sofrimento,
Estava estirado, morto
Pálido, sem movimento.
Ao verem ele deitado
Sentiram grande agonia,
Pois o casal descobriu
Algo que desconhecia,
Apenas um braço e uma perna
O filho deles possuía.
O mundo naquele instante
Sobre o pai desabou.
Tudo foi culpa sua
Ele então imaginou.
E o pedido do filho
Naquele momento lembrou.
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
ENTRAI
(Muniz Santa Fé)
Entrai, Senhor, a casa é toda Vossa,
É Vosso o meu amor, é Vossa a crença;
Que minh’alma e o meu ser a Vós pertença
E que eu possa dizer: a graça é nossa...
É nossa a graça em ter-vos em detença
E que dizer a todos eu sempre possa,
Que este meu coração os males vença
Nunca sentido do pecado – a mossa.
Guardai, Senhor, na vossa fé tão santa
E que minh’alma sempre esteja atenta
Ao vosso augusto e piedoso olhar...
Fazei de minha alma a porta sacrossanta
Forte e segura contra essa tormenta
Que tentam sobre o mundo desabar.
(Muniz Santa Fé)
Entrai, Senhor, a casa é toda Vossa,
É Vosso o meu amor, é Vossa a crença;
Que minh’alma e o meu ser a Vós pertença
E que eu possa dizer: a graça é nossa...
É nossa a graça em ter-vos em detença
E que dizer a todos eu sempre possa,
Que este meu coração os males vença
Nunca sentido do pecado – a mossa.
Guardai, Senhor, na vossa fé tão santa
E que minh’alma sempre esteja atenta
Ao vosso augusto e piedoso olhar...
Fazei de minha alma a porta sacrossanta
Forte e segura contra essa tormenta
Que tentam sobre o mundo desabar.
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