terça-feira, 30 de novembro de 2010

ARDILOSA CONCHA
(Raimunda Almeida)


Minha alma fechou-se em ardilosa concha,
Isolou-se em oceano, fraca e desnuda,
Afastou-se do comando firme, divinal,
Tornou-se cega, surda e muda.

Definhou em “cabulosa” reclusão,
Perdeu viveza e etéreo esplendor.
Nem vagar pode, pois estava presa
A uma tormentosa existência sem amor.


Mesmo enfraquecida, constatou a tempo
Quanta falta o sublime lhe fazia.
Então abriu devagarzinho a concha
E ouviu uma voz que lhe dizia:

“Alma é luz grandiosa, é estandarte
Medianeiro, ostensivo, revelador
Que nos tira da condição irracional
E nos torna semelhante ao Criador.”

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