POEMA DOS OLHOS DA AMADA
(Vinicius de Moraes)
Oh, minha amada 
Que os olhos teus 
São cais noturnos 
Cheios de adeus 
São docas mansas 
Trilhando luzes 
Que brilham longe 
Longe nos breus 
Oh, minha amada 
Que olhos os teus 
Quanto mistério 
Nos olhos teus 
Quantos saveiros 
Quantos navios 
Quantos naufrágios 
Nos olhos teus 
Oh, minha amada 
Que olhos os teus 
Se Deus houvera 
Fizera-os Deus 
Pois não os fizera 
Quem não soubera 
Que há muitas eras 
Nos olhos teus 
Ah, minha amada 
De olhos ateus 
Cria a esperança 
Nos olhos meus 
De verem um dia 
O olhar mendigo 
Da poesia 
Nos olhos teus

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