segunda-feira, 11 de junho de 2012


ETERNO BOCEJAR
(Marly Bastos)

Boceja a aurora dourada, senhora do despertar,
Boceja os sonolentos na hora de levantar.

Boceja a lágrima espremida, no abrir gostoso da boca,
Boceja a idéia de se fazer alguma coisa louca.

Boceja a canção de ninar que fica meio sonâmbula,
Boceja a estrela na noite fria e trêmula.

Boceja o leito depois de momentos loucos de felicidade,
Boceja a noite quando dorme a cidade.

Boceja o desejo incontido quando saciado,
Boceja a ausência de um amor esperado.

Boceja os amantes depois de uma noite insone,
Boceja a dor na barriga de quem tem fome.

Boceja a semente pronta pra germinar,
Boceja a poesia que logo vai cadenciar.

Boceja cada pedaço de tempo esperado,
Boceja a voz que por muito tem se calado.

Boceja o segredo que não se pode contar...
A vida parece um eterno bocejar!...

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