domingo, 31 de outubro de 2010

CANÇÃO DO DIA DE SEMPRE
(Mário Quintana)

Tão bom viver dia a dia…
A vida assim, jamais cansa…
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu…
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência… esperança…
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas…

sábado, 30 de outubro de 2010

QUADRILHA
(Carlos Drummond de Andrade)


João amava Teresa
que amava Raimundo
que amava Maria
que amava Joaquim
que amava Lili
que não amava ninguém.


João foi para o Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se
e Lili casou com J. Pinto Fernandes,
que não tinha entrado na história.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

INEXPLICAVELMENTE
(José Décio Filho)

Eu não precisava de luares,
porque eles fazem sonhar perdidamente
e eu já tenho a cabeça pesada de sonhos.

Não precisava do teu indeciso amor,
porque o meu amor é imenso e vário,
transbordante e humilde.

Não precisava da ternura
que esperei dos teus lábios,
porque uma voz mais legítima,
voz que se perdeu nas distâncias,
já derramou nos meus ouvidos
rios de consolo e de afeto.

Alegrias, torturas, aflição,
mágoa violenta e crispante,
solidão, desdém, insultos,
noites e manhãs virginais,
caminhos de sombra e de luz,
esperanças, paisagens e ruídos,
esperanças que não mais se esgotarão.
De nada disso eu precisava,
pois tenho tudo dentro de mim
como dádiva do mundo
e herança de outras vidas.

Mesmo assim, porém,
tudo isso procuro ansioso
pra me afligir ainda mais,
para ver se transbordo de uma vez!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

TODAS AS VIDAS
(Cora Coralina)

Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé
do borralho,
olhando para o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo...
Vive dentro de mim
a lavadeira
do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d'água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde
de São-Caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada,
sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
-Enxerto de terra,
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha...
tão desprezada,
tão murmurada...
Fingindo ser alegre
seu triste fado.
Todas as vidas
dentro de mim:
Na minha vida –
a vida mera
das obscuras!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

SORRI
(Charlie Chaplin)

Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos, vazios.

Sorri quando tudo terminar,
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador.

Sorri quando o Sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados, doridos.

Sorri, vai mentindo a tua dor.
E ao notar que tu sorris,
Todo mundo irá supor
Que és feliz.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A ÁRVORE DA SERRA
(Augusto dos Anjos)


— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pos almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...


— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!»
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

NAVEGANTE DO AMOR
(Geralda Maria Vieira)

Navegante do amor,
Leva-me contigo
Por onde fores.
Hoje ou amanhã,
A qualquer hora,
Por este mundo afora.
Sabendo que estou contigo,
Meu mundo será
Bem mais divertido.

Leva-me contigo, navegante,
Para o céu, para o mar,
Para a floresta,
Para o jardim de Alá!...
Afoga-me com teus beijos,
Com teus desejos...
E me ensina a amar.

Leva-me contigo
Até as estrelas
E me atira de lá
Nos braços do além,
Para que eu possa estar
Sempre contigo,
E com mais ninguém.

Leva-me para onde
Eu possa abraçar-te
E sentir o intenso calor
Do teu corpo abrasante
E dá-me o teu amor.

Leva-me contigo
Para onde eu possa olhar
Dentro dos teus olhos
E neles ver o brilho
Reluzente das estrelas.

Leva-me para onde
Eu possa ouvir
Juras de eterno amor
E nos teus braços suspirar
Sem medo, sem receios,
Sem pudor...

Leva-me contigo,
Navegante do amor!...

sábado, 23 de outubro de 2010

ESCADA DA VIDA
(Muniz Santa Fé)


Quantos degraus se foram nesta escada
Que tateando subo – a mão tremente,
Para encontrar, em breve, à minha frente
Uma velhice, sem dúvida confortada.

Se já descambo a vértice da escalada
Sinto tudo ao meu redor, contente,
Disposição, saúde e a boa mente
Sempre a me guiar nesta jornada.


Na fé me hei de servir, ininterruptamente,
Pois já venci, muito longa, a caminhada
Tendo a graça feliz do Onipotente...

Aqui me prostro, de alma ajoelhada,
Vendo o Sol desta vida em seu poente
Sem esquecer os clarões da madrugada.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

CHORA
(Thamires Lúcia de Melo)

O magma super-aquecido
Cria terremotos,
Acende vulcões...
Placas tectônicas se movimentam
Causando maremotos e destruição.
Bombas nucleares feitas de plutônio
Poderão destruir a camada de ozônio,
Expondo o Planeta aos raios solares.
A Terra que hoje canta
Vai gemer e chorar.

Chora a Terra pela falta de compreensão,
Chora triste a Natureza,
Chora a mãe pelo seu filho
Vendo o futuro destruído,
Chora a Lua com seu brilho ofuscado
Pelos gases na atmosfera...
Chora a Terra feito peixe numa rede,
Vulnerável e indefeso,
Vendo a destruição do seu habitat...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

IPÊ
(Mestre Pau Pereira)

Mais belo que o Ipê
Nunca Vi
E nem vou ver

Mais belo que o Ipê
Nem eu
E nem você

Mais belo que o Ipê
Não vai ter
E ponho fé

Mais belo
Que o pé de Ipê
Só mesmo o Ipê de pé.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

TANAJURA
(José Geraldo Pires de Mello)

Por conta de um bom descanso
A que o meu gosto se inclina,
Para o banho de água quente,
Fui procurar a piscina.
Dentro d’água estava bom
Mas vi, na manhã tão linda,
Que a coisa na passarela
Bem melhor estava ainda.


Uma garota maciça
Entre as demais encontrei,
Com trajes tão reduzidos
Que juro que me espantei.
Usava um biquíni escasso,
Do qual, num critério justo,
Uma gravata far-se-ia,
Ligando as peças, a custo...

O sutiã não cumpria
Sua missão, que é de escora:
Escorava o que podia,
Deixando o resto de fora...
E a tanga-miniatura,
Numa dona tão rotunda,
Era assaz incompetente
Para conter tanta bunda...

Melhor de frente ou de costas?
Francamente, eu não sabia,
Porém, na terceira volta,
Jurei que a frente perdia,
Que a dona, pelo argumento
Das ancas fartas e duras,
Devia ser diplomada
- Rainha das Tanajuras!

Deixo o registro fiel,
De todo isento de enganos,
Que a pequena rebolava
Mas não cabia nos panos.
E vendo-a por trás, de novo,
No molejo em que ela ia,
Eu lhe dei, sem duvidar,
O grau dez que merecia!...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

NOITE
(Menotti Del Picchia)

As casas fecham as pálpebras
das janelas e dormem.
Todos os rumores são postos em surdina,
todas as luzes se apagam.

Há um grande aparato
de câmara funerária
na paisagem do mundo.

Os homens ficam rígidos,
tomam a posição horizontal
e ensaiam o próprio cadáver.

Cada leito é a maquete de um túmulo.
Cada sono em ensaio de morte.

No cemitério da treva
tudo morre provisoriamente.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

OS BURACOS DO ESPELHO
(Arnaldo Antunes)

O buraco do espelho está fechado,
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí.

Pro lado de cá não tem acesso,
mesmo que me chamem pelo nome,
mesmo que admitam meu regresso,
toda vez que eu vou a porta some.

A janela some na parede,
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve.

Já tentei dormir a noite inteira...
Quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira,
uma orelha alerta, outra ligada.

O buraco do espelho está fechado,
agora eu tenho que ficar agora.
Fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

LUAR DE VERÃO
(Álvares de Azevedo)

O que vês, trovador? - Eu vejo a lua
Que sem lavar a face ali passeia;
No azul do firmamento inda é mais pálida
Que em cinzas do fogão uma candeia.

O que vês, trovador? - No esguio tronco
Vejo erguer-se o chinó de uma nogueira...
além se encontra a luz sobre um rochedo
Tão liso como um pau de cabeleira.

Nas praias lisas a maré enchente
S'espraia cintilante d'ardentia...
Em vez de aromas as doiradas ondas
Respiram efluviosa maresia!

O que vês, trovador? - No céu formoso
Ao sopro dos favônios feiticeiros
Eu vejo - e tremo de paixão ao vê-las –
As nuvens a dormir, como carneiros.

E vejo além, na sombra do horizonte,
Como viúva moça envolta em luto,
Brilhando em nuvem negra estrela viva
Como na treva a ponta de um charuto.

Teu romantismo bebo, ó minha lua,
A teus raios divinos me abandono,
Torno-me vaporoso... e só de ver-te
Eu sinto os lábios meus se abrirem de sono.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

SONETO DITADO NA AGONIA
(Bocage)

Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura;

Conheço agora já quão vã figura,
Em prosa e verso fez meu louco intento:
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio da razão seguisse pura.

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... a santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

LEDA SERENIDADE DELEITOSA
(Luís Vaz de Camões)

Leda serenidade deleitosa,
que representa em terra um paraíso:
entre rubis e perlas, doce riso;
debaixo de ouro e neve, cor de rosa.

Presença moderada e graciosa,
onde ensinando estão despejo e siso
que se pode por arte e por aviso,
como por natureza, ser fermosa:

fala de quem a morte e a vida pende,
rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
repouso nela alegre e comedido.

Estas as armas são com que me rende
e me cativa Amor; mas não que possa
despojar-me da glória de rendido.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

NUVEM DE ALGODÃO “DOCE”
(Cláudia Liz)

Nesses versos vou agora
Fazendo o passado voltar,
Recordando a tua infância,
Brincando de adivinhar.

Olha só!... veja no céu
A nuvenzinha a correr
Que parece um carneirinho
Ou um pássaro a descer.

Bem branquinha,
Bem fofinha,
Corre, brinca de esconder.
Voa, Voa, corre, corre...
Nem dá tempo de eu ver!

Parece algodão doce.
Dá vontade de comer.
Um pirulito, um cachorrinho...
Em todas nuvens posso ver.

Vem aqui brincar comigo
De nuvenzinha admirar!
Brincadeira gostosinha,
Nuvenzinha adivinhar.

domingo, 10 de outubro de 2010

CONDOR
(Ângelo D’Ávila)

De avião, numa viagem turbulenta,
sobre os Andes, eu vi com sobressalto,
um condor a pairar num vôo bem alto,
lutando contra os ventos da tormenta.

Procurava carniças sobre o abismo,
se adernava descendo com mestria,
enfrentava o furor da ventania
sem os riscos temer do cataclismo.


Ao vê-lo assim, senti-me em parceria,
lembrando o meu labor de cada dia,
vi nele a minha luta refletida,

Pois eu no mundo sou seu companheiro,
procurando as carniças do dinheiro,
lutando contra os ventos desta vida.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

LUA...
(Celi Luzzi)

Quando anoitecer
E a lua cheia aparecer
Vou perguntar a ela
Por onde anda você...

Já faz tanto tempo
Que a gente não se vê
E a saudade vai chegando
Sem a gente perceber...

Entra em nossa mente,
Toma conta do poder,
Deixa uma ferida
Que faz a gente sofrer...

Lua cheia, maravilhosa,
Que brilha em esplendor,
Me traga a felicidade
E também o meu amor...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

PARA ONDE VAI O SOL QUANDO ANOITECE?
(Delasnieve Daspet)

Para onde vai o sol quando a noite cai?
Para onde vai o sorriso,
O brilho do olhar,
Onde ficam os sonhos,
Quando o coração não bate mais?!

Nada tem explicação
Perante tamanha dor,
Ninguém, - nada - ocupa o lugar vazio!

Vou deixar que o vento
Varra as palavras.
Que o amanhecer chegue ao meu olhar.
Vou pedir que a chuva miúda
De braços dados com a brisa úmida,
Traga o sol entre nuvens,
Alegrando os sonhos que restam,
Na tristeza que não arrefece!

Mas almas não envelhecem,
Nos veremos novamente.
Mas - me digam,
Para onde vai o sol quando anoitece?

Onde te escondes, ó Sol,
Quando chega a noite,
Senhora de meus medos,
De meus lamentos?

Para onde vais, ó Sol,
Quando a noite chega,
No brilho rápido da estrela cadente,
De um poema triste?

Noite negra de tristuras,
Negra noite de marés,
Negra, nua noite,
Aonde vai o sol quando tu chegas?

Já não há vida.
Aonde vai a energia,
Quando o norte me conduz à noite,
Ao fim da linha,
Aonde vais, ó Sol,
Quando a noite chega?!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

EU ESCREVI UM POEMA TRISTE
(Mario Quintana)

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza,
Mas das mudanças do Tempo
Que ora nos traz esperanças,
Ora nos dá incerteza...

Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

INEFÁVEL
(Cruz e Sousa)

Nada há que me domine e que me vença
Quando a minha alma mudamente acorda...
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa.

Sou como um Réu de celestial sentença,
Condenado do Amor, que se recorda
Do Amor e sempre no Silêncio borda
De estrelas todo o céu em que erra e pensa.

Claros, meus olhos tornam-se mais claros
E tudo vejo dos encantos raros
E de outras mais serenas madrugadas!

Todas as vozes que procuro e chamo
Ouço-as dentro de mim porque eu as amo
Na minha alma volteando arrebatadas.

domingo, 3 de outubro de 2010

O ANALFABETO POLÍTICO
(Bertold Brecht)

O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa
dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe,
da farinha, do aluguel, do sapato
e do remédio dependem
das decisões políticas.

O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política,
nasce a prostituta,
o menor abandonado
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e lacaio
das empresas nacionais
e multinacionais.

sábado, 2 de outubro de 2010

MUNDO MODERNO
(Chico Anysio)

Mundo moderno, marco malévolo,
mesclando mentiras,
modificando maneiras,
mascarando maracutaias,
majestoso manicômio.
Meu monólogo mostra mentiras,
mazelas, misérias,
massacres, miscigenação,
morticínio – maior maldade mundial.

Madrugada, matuto magro,
macrocéfalo, mastiga média morna.
Monta matungo malhado
munindo machado, martelo,
mochila murcha, margeia mata maior.
Manhãzinha, move moinho,
moendo macaxeira, mandioca.

Meio-dia mata marreco,
manjar melhorzinho
Meia-noite, mima mulherzinha mimosa,
Maria morena, momento maravilha,
motivação mútua,
mas monocórdia mesmice.
Muitos migram, macilentos,
maltrapilhos.
Morarão modestamente,
malocas metropolitanas,
mocambos miseráveis.
Menos moral, menos mantimentos,
mais menosprezo.
Metade morre.

Mundo maligno,
misturando mendigos maltratados,
menores metralhados, militares mandões,
meretrizes, maratonas,
mocinhas, meras meninas,
mariposas mortificando-se moralmente,
modestas moças maculadas,
mercenárias mulheres marcadas.

Mundo medíocre.
Milionários montam mansões magníficas:
melhor mármore, mobília mirabolante,
máxima megalomania, mordomo,
Mercedes, motorista, mãos…
Magnatas manobrando milhões,
mas maioria morre minguando.
Moradia meia-água, menos, marquise.

Mundo maluco, máquina mortífera.
Mundo moderno, melhore.
Melhore mais,
melhore muito,
melhore mesmo.
Merecemos.
Maldito mundo moderno,
mundinho merda!...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O HOMEM E A MULHER
(Victor Hugo)

O homem pensa.
A mulher sonha.

Pensar é ter cérebro.
Sonhar é ter na fronte uma auréola.

O homem é um oceano.
A mulher é um lago.

O oceano tem a pérola que embeleza.
O lago tem a poesia que deslumbra.

O homem é a águia que voa.
A mulher, o rouxinol que canta.

Voar é dominar o espaço.
Cantar é conquistar a alma.

O homem tem um farol: a consciência.
A mulher tem uma estrela: a esperança.

O farol guia.
A esperança salva.

Enfim, o homem está colocado onde termina a terra.
A mulher, onde começa o céu!!!