LENÇÓIS
(Andrea joy)
O amor tem muitas faces.
E uma delas eu conheço,
Amar alguém que nunca vejo,
que não sacia meus desejos.
Desafio, não sei se é.
Talvez, respostas para os meus ais.
Os versos que sempre leio
Me trazem um pouco de paz.
Ignoro a distância,
o não estar em teus braços,
o que dizes me inspira,
até sinto o teu abraço!...
Desafio é contra o tempo,
rival do meu sentimento
que não favorece, fica estático,
deixa meu coração entediado.
Nada podemos fazer
contra o que tem que ser,
devemos esperar
o destino reservar
um momento para nós dois.
Duelaremos sob lençóis.
"A poesia é mais fina e mais filosófica do que a história; porque a poesia expressa o universo, e a história somente o detalhe." (Aristóteles)
quinta-feira, 31 de março de 2011
terça-feira, 29 de março de 2011
PSICOLOGIA DE UM VENCIDO
(Augusto dos Anjos)
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
(Augusto dos Anjos)
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
segunda-feira, 28 de março de 2011
O CICLO DA VIDA
(Charles Chaplin)
A coisa mais injusta sobre a vida
é a maneira como ela termina.
Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida
está todo de trás pra frente.
Nós deveríamos morrer primeiro,
nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo, até ser chutado
pra fora de lá por estar muito novo.
Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar.
Então, você trabalha 40 anos
até ficar novo o bastante p
ra poder aproveitar sua aposentadoria.
Aí você curte tudo, bebe bastante álcool,
faz festas e se prepara para a faculdade.
Você vai para colégio, tem várias namoradas,
vira criança, não tem nenhuma responsabilidade,
se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe,
passa seus últimos nove meses de vida flutuando.
E termina tudo com um ótimo orgasmo!
Não seria perfeito?
sábado, 26 de março de 2011
PASTOR AMOROSO
(Alberto Caeiro/Fernando Pessoa)
Quando eu não te tinha,
Amava a Natureza
Como um monge calmo a Cristo...
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo
À Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo,
Como dantes,
Mas de outra maneira
Mais comovida e próxima.
Vejo melhor os rios
Quando vou contigo
Pelos campos até a beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor...
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu não me mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para ao pé de mim.
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares,
Amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Só me arrependo
De outrora te não ter amado.
(Alberto Caeiro/Fernando Pessoa)
Quando eu não te tinha,
Amava a Natureza
Como um monge calmo a Cristo...
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo
À Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo,
Como dantes,
Mas de outra maneira
Mais comovida e próxima.
Vejo melhor os rios
Quando vou contigo
Pelos campos até a beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor...
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu não me mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para ao pé de mim.
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares,
Amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Só me arrependo
De outrora te não ter amado.
quarta-feira, 23 de março de 2011
MUDE
(Edson Marques)
Mude.
Mas comece devagar,
porque a direção
é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas, calmamente,
observando com atenção
os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira pra passear livremente
Na praia, ou no parque,
e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas
e portas com a mão esquerda.
Durma do outro lado da cama...
depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de TV,
compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia
numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia,
o novo lado, o novo método,
o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer,
o novo amor, a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida,
compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo,
jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado...
outra marca de sabonete,
outro creme dental...
tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais,
de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas,
troque de carro, compre novos óculos,
escrevas outras poesias.
Jogue fora os velhos relógios,
quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas,
outros cabeleireiros, outros teatros,
visite novos museus.
Mude.
Lembre-se que a vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar
um novo emprego,
uma nova ocupação, um trabalho mais light,
mais prazeroso,
mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões
para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem
despretensiosa, longa,
se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já conhecidas.
Mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!
(Edson Marques)
Mude.
Mas comece devagar,
porque a direção
é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas, calmamente,
observando com atenção
os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira pra passear livremente
Na praia, ou no parque,
e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas
e portas com a mão esquerda.
Durma do outro lado da cama...
depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de TV,
compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia
numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia,
o novo lado, o novo método,
o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer,
o novo amor, a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida,
compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo,
jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado...
outra marca de sabonete,
outro creme dental...
tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais,
de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas,
troque de carro, compre novos óculos,
escrevas outras poesias.
Jogue fora os velhos relógios,
quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas,
outros cabeleireiros, outros teatros,
visite novos museus.
Mude.
Lembre-se que a vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar
um novo emprego,
uma nova ocupação, um trabalho mais light,
mais prazeroso,
mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões
para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem
despretensiosa, longa,
se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já conhecidas.
Mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!
terça-feira, 22 de março de 2011
O TEMPO
(Mário Quintana)
A vida é o dever que nós trouxemos
para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia,
outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente
e iria jogando pelo caminho
a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente
e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta
devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado
por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo
que, infelizmente, nunca mais voltará.
(Mário Quintana)
A vida é o dever que nós trouxemos
para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia,
outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente
e iria jogando pelo caminho
a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente
e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta
devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado
por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo
que, infelizmente, nunca mais voltará.
segunda-feira, 21 de março de 2011
sábado, 19 de março de 2011
DISTANTE, MAS CONSTANTE
(Aline Simone Paula Rodrigues)
Mesmo distante,
quero apenas que saiba
que para a nossa amizade
não existem fronteiras
nem obstáculos ou muros,
apenas linhas e ligações
que fortalecem a amizade
em nossos corações.
São sentimentos de companheirismo,
são ações e sensações
dos sentimentos de saudade e dor.
Somos a luz acesa
no final do túnel perdido,
em pleno horizonte sem rumo.
Somos um poço
de plena amizade: profundo.
Nossas vidas se cruzaram e nos tornaram
em alegrias constantes
E juntos seguimos a estrada
em busca de um novo amanhecer,
de um pleno amor
que nos faça acontecer.
(Aline Simone Paula Rodrigues)
Mesmo distante,
quero apenas que saiba
que para a nossa amizade
não existem fronteiras
nem obstáculos ou muros,
apenas linhas e ligações
que fortalecem a amizade
em nossos corações.
São sentimentos de companheirismo,
são ações e sensações
dos sentimentos de saudade e dor.
Somos a luz acesa
no final do túnel perdido,
em pleno horizonte sem rumo.
Somos um poço
de plena amizade: profundo.
Nossas vidas se cruzaram e nos tornaram
em alegrias constantes
E juntos seguimos a estrada
em busca de um novo amanhecer,
de um pleno amor
que nos faça acontecer.
quinta-feira, 17 de março de 2011
SEGREDO
(Mariana Lima)
Não devo te querer, bem sei
Porque não posso te amar;
Ainda que o amor em meu peito
Esteja a dilacerar
Insistindo com o coração
A ideia de te procurar.
O desejo de teus beijos, eu sinto.
É uma verdade, não minto,
Mas sei que é um amor impossível;
É um querer sem razão;
Apenas um sentimento ingênuo
Do meu pobre coração.
Noites sem fim em minha cama
Penso em ti minha dama,
É difícil adormecer!
Não consigo entender
Esse amor que me invade a alma
Tirando-me o sono e a calma.
Ainda assim, preciso ponderar,
Estamos tão longe um do outro
Como o sul está do norte,
Tu, és dama da corte
E eu, um plebeu sem sorte.
Guardarei só para mim
O desejo de te amar,
Não saberás de mim,
Nem das minhas ansiedades
Ficarei no anonimato
Com minha infelicidade.
(Mariana Lima)
Não devo te querer, bem sei
Porque não posso te amar;
Ainda que o amor em meu peito
Esteja a dilacerar
Insistindo com o coração
A ideia de te procurar.
O desejo de teus beijos, eu sinto.
É uma verdade, não minto,
Mas sei que é um amor impossível;
É um querer sem razão;
Apenas um sentimento ingênuo
Do meu pobre coração.
Noites sem fim em minha cama
Penso em ti minha dama,
É difícil adormecer!
Não consigo entender
Esse amor que me invade a alma
Tirando-me o sono e a calma.
Ainda assim, preciso ponderar,
Estamos tão longe um do outro
Como o sul está do norte,
Tu, és dama da corte
E eu, um plebeu sem sorte.
Guardarei só para mim
O desejo de te amar,
Não saberás de mim,
Nem das minhas ansiedades
Ficarei no anonimato
Com minha infelicidade.
segunda-feira, 14 de março de 2011
O TEMPO DIRÁ POR NÓS
(Patrícia Ximenes)
A saudade vai bater, eu sei que vai!
Fugi de você para não sofrer tanto...
Que pena! Agora estou aos prantos!
O tempo sem você está se alongando...
Até quando?
Talvez até o dia em que decidirmos viver,
Viver de verdade...
Realizar nossos planos...
Mas... agora você permanece longe
E longe também está o seu carinho!
É, meu amor, esse é o caminho!...
Será que nosso amor suportará?
Talvez!... Só o tempo nos dirá.
(Patrícia Ximenes)
A saudade vai bater, eu sei que vai!
Fugi de você para não sofrer tanto...
Que pena! Agora estou aos prantos!
O tempo sem você está se alongando...
Até quando?
Talvez até o dia em que decidirmos viver,
Viver de verdade...
Realizar nossos planos...
Mas... agora você permanece longe
E longe também está o seu carinho!
É, meu amor, esse é o caminho!...
Será que nosso amor suportará?
Talvez!... Só o tempo nos dirá.
sábado, 12 de março de 2011
O QUE SOU?
(Marcos Alagoas)
Sou a folha
que o vento leva;
as lágrimas dos olhos
que choram;
o coração
que o poeta namora;
a vida de alguém
que nasce agora;
o mundo mudo
de uma imaginação...
Sou o Sol que nasce
queimando as manhãs;
a paz dentro de uma guerra;
e o amor superando-a.
Sou os beijos dos lábios amados;
a alegria de um tempo expressivo;
o silêncio que foi rompido;
o som aguçado dos meus ouvidos;
o grito da liberdade
que não foi esquecido;
a mão do poeta que escreve...
Sou a criação;
a mente;
o coração...
Sou um pouco de mim,
Eu sou uma nação!...
(Marcos Alagoas)
Sou a folha
que o vento leva;
as lágrimas dos olhos
que choram;
o coração
que o poeta namora;
a vida de alguém
que nasce agora;
o mundo mudo
de uma imaginação...
Sou o Sol que nasce
queimando as manhãs;
a paz dentro de uma guerra;
e o amor superando-a.
Sou os beijos dos lábios amados;
a alegria de um tempo expressivo;
o silêncio que foi rompido;
o som aguçado dos meus ouvidos;
o grito da liberdade
que não foi esquecido;
a mão do poeta que escreve...
Sou a criação;
a mente;
o coração...
Sou um pouco de mim,
Eu sou uma nação!...
quinta-feira, 10 de março de 2011
O APAIXONADO
(Jorge Luis Borges)
Luas, marfins, instrumentos e rosas,
Traços de Dúrer, lampiões austeros,
Nove algarismos e o cambiante zero,
Devo fingir que existem essas coisas.
Fingir que no passado aconteceram
Persépolis e Roma e que uma areia
Subtil mediu a sorte dessa ameia
Que os séculos de ferro desfizeram.
Devo fingir as armas e a pira
Da epopeia e os pesados mares
Que corroem da terra os vãos pilares.
Devo fingir que há outros. É mentira.
Só tu existes. Minha desventura,
Minha ventura, inesgotável, pura.
(Jorge Luis Borges)
Luas, marfins, instrumentos e rosas,
Traços de Dúrer, lampiões austeros,
Nove algarismos e o cambiante zero,
Devo fingir que existem essas coisas.
Fingir que no passado aconteceram
Persépolis e Roma e que uma areia
Subtil mediu a sorte dessa ameia
Que os séculos de ferro desfizeram.
Devo fingir as armas e a pira
Da epopeia e os pesados mares
Que corroem da terra os vãos pilares.
Devo fingir que há outros. É mentira.
Só tu existes. Minha desventura,
Minha ventura, inesgotável, pura.
terça-feira, 8 de março de 2011
HOMENAGEM ÀS MULHERES, POR OCASIÃO DO "DIA INTERNACIONAL DA MULHER"
MULHER-FLOR
(Vivaldo Bernardes de Almeida)
Das flores que conheço és tu a mais formosa.
Não peco por dizer, não há outra igual.
Tu supres sem favor a mais altiva rosa,
o odor que tu exalas excede o sensual.
Mulher, tu és a flor! Ó flor, tu és mulher.
Igualam-se em beleza, igualam-se em odor
e fazem ambas de mim o que lhes aprouver,
tirados os espinhos e escondendo o odor.
Entanto, entre as duas se eu escolher pudesse,
ao certo elegeria rainha dentre elas
a mulher carinhosa à hora que eu quisesse.
Carinho é dom de Deus e dado à Mulher,
e feito com primor pra não deixar sequelas
e a flor murcha num dia como uma flor qualquer.
MULHER
(Joésio Menezes)
És tu, ó divina mulher,
O maior encanto do Universo;
A beleza poética de todo verso
Rimado ou sem rima qualquer.
És também, mulher amada,
A razão da nossa existência...
Do verdadeiro amor és a essência
Pelos mortais tão desejada.
És, inclusive, sinônimo de vida!
És pelos deuses a preferida,
És o retrato fiel do labor.
És a predileta da Mãe Natureza;
E para o poeta, com toda certeza,
És Musa, és deusa, és Mulher, és flor...
domingo, 6 de março de 2011
VERSOS TRISTES
(Nilton Alves Ferreira)
Eu conheci o amor
No exato instante em que conheci você.
Desde que você me matou (me dizendo adeus),
Nunca mais vi a vida: embora tenha visto tanta coisa,
nada enxerguei!...
O limite da esperança é o desespero.
O limite do amor é o ódio.
O limite da tristeza é a vontade de não mais viver.
O poeta disse certa vez que "se existir uma pulga
Numa mesa escura, numa noite sombria, Deus a vê",
Mas parece que até mesmo Ele, Deus,
Se esqueceu de mim!
(Nilton Alves Ferreira)
Eu conheci o amor
No exato instante em que conheci você.
Desde que você me matou (me dizendo adeus),
Nunca mais vi a vida: embora tenha visto tanta coisa,
nada enxerguei!...
O limite da esperança é o desespero.
O limite do amor é o ódio.
O limite da tristeza é a vontade de não mais viver.
O poeta disse certa vez que "se existir uma pulga
Numa mesa escura, numa noite sombria, Deus a vê",
Mas parece que até mesmo Ele, Deus,
Se esqueceu de mim!
sábado, 5 de março de 2011
FALENA
(Francis Paula)
Ela não soube entender
Que a noite virava dia.
Queria brincar com estrelas,
Correr campos, velejar,
Beber a sede das ruas,
Queimar a luz do luar,
Lavrar o corpo no grito:
Mil nomes p'ra segredar.
Não tinha o saber da aurora:
Espaços para equilibrar.
Falena nefas, falida,
Teimando em voejar.
Meus olhos - farol binário
No foco do seu olhar –
Procuravam pirilampos
Para seu sonho clarear.
Mas no miolo da noite,
Outra noite acontecia
E o que era transluzente,
Aos poucos escurecia
Como ondas nebulosas
Sufocando, envenenando,
Roubando o nascer do dia.
(Francis Paula)
Ela não soube entender
Que a noite virava dia.
Queria brincar com estrelas,
Correr campos, velejar,
Beber a sede das ruas,
Queimar a luz do luar,
Lavrar o corpo no grito:
Mil nomes p'ra segredar.
Não tinha o saber da aurora:
Espaços para equilibrar.
Falena nefas, falida,
Teimando em voejar.
Meus olhos - farol binário
No foco do seu olhar –
Procuravam pirilampos
Para seu sonho clarear.
Mas no miolo da noite,
Outra noite acontecia
E o que era transluzente,
Aos poucos escurecia
Como ondas nebulosas
Sufocando, envenenando,
Roubando o nascer do dia.
quinta-feira, 3 de março de 2011
VIAGEM PELO BRASIL-CANÇÃO
(Joésio Menezes)
Pela longa “estrada da vida”
Fiz “romaria” e “procissão”,
Conheci a “tristeza do jeca”,
Plantei “flores” no sertão;
“Estrelas” cadentes encontrei,
O “sonho de Ícaro” realizei,
Perdi o “medo de avião”.
Joguei fora a “saudade”,
De “chalana” naveguei,
Bebi as “águas de março”
Nas “fantasias” que criei.
E numa “loucura sem fim”
Beijei os “lábios de carmim”
Das “mulheres” que amei.
Pisei “chão de estrelas”,
Viajei no “trem das cores”,
“Abri a porta” do “cotidiano”
Ao “delírio” sem pudores.
E na “Terra Prometida”,
Aos que têm boa “vida”
Contei “mentiras” aos horrores!...
Vi um “bem-te-vi” solitário
Cantando o “amor à natureza”,
Um “sabiá” apaixonado
Maldizendo sua “tristeza”;
E “borboletas” coloridas
Galanteando a “Margarida”
Sob a sombra da “nobreza”.
Encontrei um “andarilho”
“Sentado à beira do caminho”
Que leva à “fonte da saudade”,
E ali sentado, “sozinho”,
Tocava no seu “violão”
“Aquela velha canção”:
“O mundo é um moinho”.
E nessa longa “caminhada”
De “saudades” quase morri
Das “meninas do Brasil”
Que “há tempos” conheci.
“Elas” vivem no meu peito
E nem mesmo “eu sei” direito
“Quando” foi que as vi...
Evito sempre os “caminhos”
Que me levem à “perdição”,
Por isso vou “tocando em frente”,
Como diz ”uma certa canção”.
Mas no “forró de pé de serra”
Deixo sempre “o cio da terra”
“Seduzir” meu “coração”.
E bem “à sua maneira”,
“O destino” traiçoeiro
Me levou ao “desatino”,
Fez de mim um “prisioneiro”.
E desse “cárcere” bendito,
Que sufoca o “meu grito”,
Sou apenas “o passageiro”.
Mas “teimoso” que sou,
Botei pé “na estrada” da vida
Em “busca” das muitas canções
Consideradas “pétalas esquecidas”
Cuja “rosa” de nome MPB
“Ainda” não entendeu o porquê
De estarem “todas elas” perdidas.
E nessa “viagem” que fiz
Pelo nosso “Brasil” canção
Encontrei “relíquias de amor”
Que trazem “luz” ao coração
Daqueles “eternos namorados”
Que se mostram “apaixonados”,
Mas não sabem o que é “paixão”.
(Joésio Menezes)
Pela longa “estrada da vida”
Fiz “romaria” e “procissão”,
Conheci a “tristeza do jeca”,
Plantei “flores” no sertão;
“Estrelas” cadentes encontrei,
O “sonho de Ícaro” realizei,
Perdi o “medo de avião”.
Joguei fora a “saudade”,
De “chalana” naveguei,
Bebi as “águas de março”
Nas “fantasias” que criei.
E numa “loucura sem fim”
Beijei os “lábios de carmim”
Das “mulheres” que amei.
Pisei “chão de estrelas”,
Viajei no “trem das cores”,
“Abri a porta” do “cotidiano”
Ao “delírio” sem pudores.
E na “Terra Prometida”,
Aos que têm boa “vida”
Contei “mentiras” aos horrores!...
Vi um “bem-te-vi” solitário
Cantando o “amor à natureza”,
Um “sabiá” apaixonado
Maldizendo sua “tristeza”;
E “borboletas” coloridas
Galanteando a “Margarida”
Sob a sombra da “nobreza”.
Encontrei um “andarilho”
“Sentado à beira do caminho”
Que leva à “fonte da saudade”,
E ali sentado, “sozinho”,
Tocava no seu “violão”
“Aquela velha canção”:
“O mundo é um moinho”.
E nessa longa “caminhada”
De “saudades” quase morri
Das “meninas do Brasil”
Que “há tempos” conheci.
“Elas” vivem no meu peito
E nem mesmo “eu sei” direito
“Quando” foi que as vi...
Evito sempre os “caminhos”
Que me levem à “perdição”,
Por isso vou “tocando em frente”,
Como diz ”uma certa canção”.
Mas no “forró de pé de serra”
Deixo sempre “o cio da terra”
“Seduzir” meu “coração”.
E bem “à sua maneira”,
“O destino” traiçoeiro
Me levou ao “desatino”,
Fez de mim um “prisioneiro”.
E desse “cárcere” bendito,
Que sufoca o “meu grito”,
Sou apenas “o passageiro”.
Mas “teimoso” que sou,
Botei pé “na estrada” da vida
Em “busca” das muitas canções
Consideradas “pétalas esquecidas”
Cuja “rosa” de nome MPB
“Ainda” não entendeu o porquê
De estarem “todas elas” perdidas.
E nessa “viagem” que fiz
Pelo nosso “Brasil” canção
Encontrei “relíquias de amor”
Que trazem “luz” ao coração
Daqueles “eternos namorados”
Que se mostram “apaixonados”,
Mas não sabem o que é “paixão”.
quarta-feira, 2 de março de 2011
PALAVRAS QUE FEREM
(Glória Salles)
Daqueles cujo domínio próprio não controla
São como bisturi, ferem a aorta contundente.
Provocam grandes terremotos, vítimas fatais
Corações destroem, intrinsecamente.
Armas potentes, machucam, ferem
Envenenadas de puro rancor, deixam feridas.
Golpes premeditados duramente
Fazem sangrar, quando friamente proferidas.
Quem as usa, tem consciência do mal feito.
Geralmente das regras e limites é conhecedor
Porem um prazer mórbido é sentido
Vendo no alvo do ódio, do sangue o sabor.
Ironicamente, não se dão conta os desatentos
Os mesmos lábios que profetizam mansidão
Pregam o amor, falam de paz e harmonia.
Deixam marcas indeléveis, destroem coração.
Ousam citar de Deus o nome, fria realidade.
E incapazes de perceber espontaneamente
O tronco que lhes atravessa o olho, e os cega.
Apontam o cisco, no olhar do semelhante.
Talvez, em nome de uma vingança infundada.
Quem sabe o coração ferido, seja o argumento.
E para pisar, esmagar e ferir brutalmente.
Só esperam por uma brecha, um momento.
Quantos defeitos soterrados veríamos.
Pudéssemos a alma, em estado bruto sondar,
E remexendo escombros reconheceríamos
Que apenas Deus tem poder para julgar.
Talvez, com nossos defeitos aparentes
Pegaríamos à mão a esperar estendida.
E mesmo quando feridos e machucados
Entoaríamos apenas palavras de vida.
(Glória Salles)
Daqueles cujo domínio próprio não controla
São como bisturi, ferem a aorta contundente.
Provocam grandes terremotos, vítimas fatais
Corações destroem, intrinsecamente.
Armas potentes, machucam, ferem
Envenenadas de puro rancor, deixam feridas.
Golpes premeditados duramente
Fazem sangrar, quando friamente proferidas.
Quem as usa, tem consciência do mal feito.
Geralmente das regras e limites é conhecedor
Porem um prazer mórbido é sentido
Vendo no alvo do ódio, do sangue o sabor.
Ironicamente, não se dão conta os desatentos
Os mesmos lábios que profetizam mansidão
Pregam o amor, falam de paz e harmonia.
Deixam marcas indeléveis, destroem coração.
Ousam citar de Deus o nome, fria realidade.
E incapazes de perceber espontaneamente
O tronco que lhes atravessa o olho, e os cega.
Apontam o cisco, no olhar do semelhante.
Talvez, em nome de uma vingança infundada.
Quem sabe o coração ferido, seja o argumento.
E para pisar, esmagar e ferir brutalmente.
Só esperam por uma brecha, um momento.
Quantos defeitos soterrados veríamos.
Pudéssemos a alma, em estado bruto sondar,
E remexendo escombros reconheceríamos
Que apenas Deus tem poder para julgar.
Talvez, com nossos defeitos aparentes
Pegaríamos à mão a esperar estendida.
E mesmo quando feridos e machucados
Entoaríamos apenas palavras de vida.
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